Viver em união desfrutando da companhia uns dos outros, em paz e em harmonia, tem sido um grande desafio para o ser humano desde que o pecado entrou no mundo. Aliás, a unidade entre o homem e a mulher, e a unidade entre eles e o Criador, foi a primeira coisa a ser afetada quando Adão e Eva pecaram no jardim do Éden.
Logo após Adão e Eva terem pecado, a desarmonia encontrou espaço na relação entre eles e Deus, pois ao perceber a aproximação do Criador o homem, que antes desfrutava com alegria da companhia deste, agora é privado dela em razão do medo, porque se via nu e temia as consequências da sua desobediência, assim ele foge da presença de Deus. E, consequentemente, ao ser questionado logo ele acusa, justamente aquela que era “osso dos seus ossos e carne da sua carne”.
Desde então, Deus em Cristo vem trabalhando para corrigir esse grande mal que o homem causou pela sua desobediência, qual seja, a quebra da unidade entre a criatura e o Criador e entre eles mesmos. Deus está restaurando a unidade entre ele e o povo que ele escolheu, e a unidade da sua Igreja na terra.
Esta foi a exortação do apóstolo Paulo aos crentes da cidade de Filipos (Fp2.2): completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. Pensar a mesma coisa aqui é ter o mesmo objetivo, ou seja, que o alvo do nosso pensamento seja a obediência a Cristo e a busca pela glória de Deus. Significa que os cristãos devem estar unidos no espírito e vivendo em harmonia.
Como cristãos devemos ter nossos desejos convergidos para Cristo e isso exige esforço da nossa parte, por isso ele diz (2.3): Nada façais por partidarismo ou vanglória. “Partidarismo ou vanglória” são duas armas poderosas contra a unidade dos cristãos, porque elas servem para alimentar o ego com uma glória que é vã e com amor-próprio vazio, e isto fortalece o egoísmo que é um dos grandes inimigos da unidade. Por isso Paulo diz também em (Gl 5.26): Não nos deixemos possuir de vanglória,
provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros.
Lutar contra essas coisas é lutar contra nós mesmo, contra a nossa própria natureza que é pecaminosa. E essa é uma luta constante. E para piorar, o egoísmo e a vaidade ou presunção, pode levar ao orgulho (auto exaltação). O egoísmo e o orgulho são dois inimigos poderosos contra a unidade da igreja. E qual é a solução que Paulo apresenta para a nossa luta pela unidade cristã?
A solução eficaz é a “humildade”. Ele conclui (Fp 2.3) dizendo: mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Ou seja, o remédio para combater o egoísmo e o orgulho é a humildade, pois ela inverte a ordem de tratamento e consideração em nossos relacionamentos estabelecida como fruto do pecado, onde o “Eu” ganha o lugar de destaque e primazia.
A “humildade” nos desafia, como cristãos, a considerar “os outros superiores”. Isto está em harmonia com o segundo grande mandamento que nos chama a amar o próximo como a nós mesmo. Se o egoísmo e o
orgulho ataca a unidade da igreja, a humildade e o amor a fortalece.
O que o cristão deve fazer então pela unidade do Corpo de Cristo? Ele deve estar convencido de que Jesus o libertou de uma vida medíocre egoísta e cheia de orgulho, que o condicionava a viver em inimizades e pé de guerra com seus semelhantes e com Deus, e deve lutar para ser aperfeiçoado
cada vez mais na humildade e no amor pelos seus irmãos, vivendo em perfeita harmonia com eles e com Deus o seu Salvador.
Paulo diz como viver a humildade na prática. (Fp 2.4): Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. Isto é (NVI), cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. Um viver assim contribui para fortalecer a unidade da igreja. Mas isto não é fácil, por isso é preciso fazer um grande esforço para colocar essas coisas em prática, deixando para trás cada vez mais a velha natureza pecaminosa.
Se você acha que isso é muito difícil e que não consegue viver em humildade e harmonia cristã com seus irmãos, olhe para Cristo, pois ele é o seu maior exemplo humildade (Fp 2.5-11): 5 Tende em vós o mesmo
sentimento que houve também em Cristo Jesus, 6 pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; 7 antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, 8 a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. 9 Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, 10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, 11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.
Imitar a Cristo é ter a atitude de autorrenúncia visando o bem dos outros. Significa que você como cristão deve lutar para fortalecer e promover a unidade praticando a humildade e sendo solícito com todos.

Pastoral
O verdadeiro cristão se gloria em Jesus Cristo
Filipenses 3.3b diz: nos gloriamos em Cristo Jesus, e não