Muitos cristãos consideram o batismo como o sinal suficiente para confirmar que uma pessoa foi salva, ou para dizer que ela é verdadeiramente cristã. Mas, assim como a circuncisão no Antigo Testamento, em si, era apenas o sinal da aliança entre Deus e o seu povo, assim também o batismo o é. Ou seja, o batismo em si não é eficiente para salvar.
Muitos judeus circuncidados no Antigo Testamento viveram de maneira desobediente e rebelde. Assim como muitos cristãos, que embora tenham sido batizados e até mesmo professado a sua fé publicamente jamais experimentaram a fé verdadeira, e depois de algum período voltaram a viver a velha vida de antes. Não basta a pessoa ter sido apenas batizada para dizer-se cristã verdadeira. É preciso demonstrar isso através de um viver consagrado, santo e obediente à palavra.
A respeito de alguns cristãos que faziam parte da igreja em Filipos (Fp 3.2,3), Paulo disse: Acautelai-vos dos cães! Acautelai-vos dos maus obreiros! Acautelai-vos da falsa circuncisão! 3 Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne.
No antigo Oriente o cão não era o companheiro fiel, limpo e cheiroso como são os pets hoje em dia. Ele era sujo e imundo, que vagueava em matilhas caçando suas presas. É assim que Paulo trata esses falsos cristãos, judeus convertidos ao cristianismo, mas que insistiam que a salvação era resultado da obediência à lei de Moisés e da prática da circuncisão. Assim eles desviavam o foco de Cristo e de sua obra redentora, para rituais e obras humanas. Insistiam no mero ritualismo da circuncisão, separado da consagração do coração.
Paulo ensina que o cristão verdadeiro é aquele que desenvolve sua prática religiosa, guiado pelo Espírito Santo. Portanto, o cristão verdadeiro é aquele que tem o Espírito. Significa afirmar que aquele que não tem o Espírito não pode adorar verdadeiramente a Deus, porque o culto que Deus aceita é somente aquele que procede de pessoas que foram vivificadas pelo seu Espírito.
À mulher samaritana Jesus respondeu (Jo 4.23): Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. 24 Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.
O fato que justifica a adoração em espírito a Deus é porque ele é espírito, e por ser espírito ele não pode aceitar uma adoração do homem carnal. Ou seja, aquele que ainda não foi transformado pelo poder do Espírito Santo, o seu culto não é aceitável diante de Deus. Isso fica evidente na conversa de Jesus
com Nicodemos (Jo 3.5) onde ele afirma que quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus.
Nesse texto, Paulo desmascara alguns judeus que se diziam convertidos a Cristo, mas que não abriam mão da cerimônia da circuncisão, porque entendiam que sem ela a salvação era incompleta. Ou seja, para eles, o sacrifício de Cristo não era suficiente. Porém, a verdadeira adoração não precisa de cerimônias ou acessórios. A verdadeira adoração precisa envolver, tão somente, mente e coração. Ela exige exclusivamente o envolvimento do adorador regenerado que tem a presença do Espírito, de maneira integral.
João Calvino diz que a verdade do culto divino consiste no espírito não nos acessórios, e as cerimônias não passam de certo tipo de acessório. Gálatas 3.23-25 ensina que, desde que Jesus veio, os cristãos não são obrigados a sacrificar ou circuncidar. Pois ele nos deu o seu Espírito, que nos fez verdadeiros cristãos capazes de entregar a Deus a verdadeira adoração. Não basta ser batizado, é preciso que o Espírito Santo faça morada no teu coração para que você seja verdadeiro cristão.