Uma das grandes marcas do cristianismo é o amor. Todo o ensinamento de Jesus Cristo está fundamentado no amor, no amor a Deus em primeiro lugar e no amor ao próximo em segundo lugar. Desta forma, não se pode conceber a existência da igreja de Cristo na terra se não houver a prática do amor cristão.
Quando se pensa no amor fraterno, deve-se levar em consideração o fato de que este é um dos principais deveres do cristão. O cristão deve amar a todos os que professam a fé cristã, porque todo cristão genuíno procede de Jesus Cristo. Por isso o salmista diz (Sl 16.3) Quanto aos santos que há na terra, são eles os notáveis nos quais tenho todo o meu prazer.
O fato de todo cristão verdadeiro ter sua origem em Jesus explica como é possível pessoas tão diferentes em seu modo de pensar, com histórias de vidas diferentes, e de origens familiares diferentes, viverem em unidade. É porque o vínculo da unidade da igreja é Cristo. Ou seja, esse amor fraterno só é possível porque é Jesus quem nos une, porque temos a nossa fé fundada nele, e o nosso viver é guiado pela Palavra dele.
Observe as palavras de Paulo dirigidas à igreja de Filipos (Fp 2.1-4): 1 Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias, 2 completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. 3 Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. 4 Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros.
Veja, ele coloca Jesus Cristo como o fundamento da sua exortação para orientar a igreja. Ele aponta para Cristo como a razão para os cristãos superarem as suas diferenças, e viverem unidos em amor, pensando e buscando o bem estar um do outro e não o seu próprio em primeiro lugar. O cristão deve viver buscando promover o bem do seu irmão em Cristo, de maneira que cada igreja de Cristo na terra seja conhecida pelo amor que seus discípulos têm uns pelos outros. Isto é possível porque Deus em Cristo nos deu a condição para vivermos em unidade.
Por esta razão Jesus Cristo é apresentado nas Escrituras como o Cabeça da Igreja e a Igreja como o corpo de Cristo (1Co 12.12): Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo. 13 Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito. 26 De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam. 27 Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo.
Esta é a realidade da igreja cristã, ou seja, que os cristãos são corpo de Cristo porque essa igreja pertence a ele (Mt 16.18): Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
Portanto, em Cristo, os cristãos genuínos têm toda a condição de viver em unidade, apesar das suas diferenças, das suas imperfeições e do seu pecado. Tanto é assim que ele nos exorta a vivermos unidos (Jo 17.22): Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; 23 eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim.
Nele temos a consolação de amor (Jo 15.21): Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele. Ele nos deu a comunhão do Espírito. Nele aprendemos a ter afetos e misericórdias.
Todos esses elementos que decorrem da nossa união com Cristo, apontam para a condição de que, como cristãos, temos de viver em unidade. Portanto, em Cristo temos toda condição de vivermos na pratica do amor uns pelos outros, buscando o bem uns dos outros, e como resultado final, buscando a glória do nosso Deus. Como irmãos em Cristo não podemos viver em desunião, promovendo intrigas e a divisão no corpo de Cristo. O que Deus espera da sua Igreja na terra é que ela viva em unidade, porque a
unidade da sua igreja é uma alusão à própria Trindade.




